Os benefícios da metodologia de avaliação funcional na ginástica laboral
A professora doutora Valquíria de Lima e outros autores, em um estudo publicado em 2004,...
A professora doutora Valquíria de Lima e outros autores, em um estudo publicado em 2004, definiram a Ginástica Laboral (GL), num contexto ergônomico: uma prática de exercícios físicos (realizada coletivamente durante a jornada de trabalho), prescrita de acordo com a função exercida pelo colaborador, visando a prevenção de doenças ocupacionais e a promoção do bem-estar individual por intermédio da consciência corporal.
Quando direcionada e planejada, a GL é um meio de valorizar e incentivar o trabalhador a praticar atividades físicas como um instrumento de promoção da saúde, fator essencial também para a produtividade das empresas.
Além do auxílio à prevenção de lesões no ambiente de trabalho, a GL tem vários benefícios, como: melhora da flexibilidade e da mobilidade articular, redução da fadiga – decorrente de tensão e repetitividade que comprometem os tendões, músculos, fáscias e nervos – e, não podemos deixar de citar, o benefício à postura do indivíduo diante da função e rotina de trabalho.
Em seu livro Flexibilidade e Alongamento: Saúde e Bem-estar, o professor doutor Abdallah Achour Júnior, da Universidade Estadual de Londrina, relata que as posturas no ambiente de trabalho são estáticas e/ou com movimentos repetitivos e restritos quanto à amplitude total de movimento. Estas posturas são automatizadas e pouco perceptíveis, o que aumenta a possibilidade dos músculos agonistas e antagonistas entrarem em desarmonia, tornando-se rígidos e fracos, respectivamente.
Portanto, um programa de GL pode contribuir de forma significativa para a qualidade de vida dos funcionários de uma indústria, avaliando e elaborando um programa de exercícios físicos que compensem os esforços exigidos no ambiente de trabalho.
Sendo assim, o SESI Ceará está realizando um estudo científico em uma empresa de Fortaleza/CE, utilizando o sistema de Avaliação Funcional do Movimento ou Sistema de Movimentos Funcionais (Functional Movement Systems ou FMS), adotado em sua metodologia de GL. O objetivo é ter uma estratégia que avalie, mensure e detecte os desequilíbrios musculares de cada colaborador para, a partir daí, individualizar os trabalhos preventivos, com o intuito de diminuir a incidência de lesões. O FMS foi criado em 1995, nos Estados Unidos, pelo fisioterapeuta norte-americano Gray Cook e pelo preparador físico Lee Burton. Inicialmente, o sistema foi desenvolvido para avaliar e categorizar padrões de movimento em atletas do ensino médio.
Em um estudo publicado no Journal of Sports Physical Therapy em 2006, Cook e outros autores definem o FMS como um sistema que consiste na avaliação de sete movimentos fundamentais através de um ranking onde são utilizadas notas de 0 a 3. Com base nesses escores, é traçado uma estratégia corretiva objetivando ganhar mobilidade e estabilidade, respectivamente.
A avaliação, além de mensurar a instabilidade muscular de cada indivíduo, promove a identificação de pontos fracos musculares; a criação de protocolos de exercícios personalizados; a correção de assimetrias/disfunções musculares observadas durante o teste; o fortalecimento de novos padrões de movimento e o incentivo à prática regular de atividade física.
Desta forma, a aplicação desse sistema avaliativo no grupo atendido em GL é importante para construir padrões que levem o colaborador de uma linha de produção, por exemplo, a realizar movimentos mais corretos e, por consequência, mais eficientes, facilitando a execução de sua tarefa laboral e evitando potenciais lesões.
O sistema simplifica o conceito de movimento e seu impacto sobre o corpo, além de oferecer benefícios para todos os envolvidos – trabalhadores, profissionais de educação física, fisioterapeutas e médicos – nos seguintes pontos: comunicação, avaliação, padronização, segurança e estratégias corretivas.
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